Que assim seja.

Que assim seja.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Augusto dos Anjos


Vês, ninguém assistiu ao formidável
enterro de tua última quimera
Somente a ingratidão esta pantera
Foi tua companheira inseparável
Acostuma-te à lama que te espera
O homem que nesta terra miserável mora entre feras
Sente inevitável necessidade de também ser fera
Toma um fósforo, acende teu cigarro
O beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga é a mesma que apedreja
Se alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja esta mão vil que te afaga
Escarra nessa boca que te beija.


Nenhum comentário:

Postar um comentário